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Belarmino (1964) de Fernando Lopes: Cinema Indirecto.
2014
Data: / Duração: 00:30:00
Comunicação apresentada na 2ª Conferência Internacional de Cinema de Viana
Tema Documentário Contemporâneo
Mesa moderada por Manuela Penafria
Resumo
Belarmino (1964) de Fernando Lopes é um dos casos mais interessantes de uma cinematografiacuja singularidade surpreende na medida em que sendo pobre, no sentido de sever tradicionalmente confrontada com uma desoladora penúria de meios, tem produzidono seu interior um conjunto de obras inclassificáveis, possivelmente sem paralelo no panoramado cinema europeu. Não que os seus cineastas sejam imunes s correntes suascontemporâneas, pelo contrário. Mas, talvez devido a essa exiguidade de meios e, seguramente,a uma especificidade cultural cujas idiossincrasias determinam uma forma peculiarde ser, eles têm sido capazes, ao longo dos anos, de fazer surgir filmes inesperados. Belarmino,sobre um campeão de boxe caído em desgraça, é um deles. E é tanto o retrato de umhomem quanto de uma cidade num determinado tempo histórico. Os sinais desse tempoestão sempre presentes. Sinónimo de uma certa noite lisboeta, o Ritz Clube é um deles.Outro é o Jazz que aparece pela primeira vez num documentário português pela mão deManuel Jorge Veloso e do grupo do Hot Club de Portugal. Mas, o que mais impressiona sãoas soluções narrativas que transcendem a antítese subjacente aos postulados dos partidáriosda política dos autores, com a sua preferência pela câmara frontal e a organização doplano, aos dos partidários do cinema de montagem, do qual Fernando Lopes, ele próprioum exímio montador, era adepto. Em Belarmino há marcas do free cinema, do candid eyetelevisivo, do direct cinema a que Robert Drew começou por chamar screen journalism e docinéma verité de Jean Rouch. Só que o filme não é nada disso. Por alguma razão FernandoLopes falava de cinema mentira. E de cinema indirecto.
- Ficha técnica
Coordenação: Carlos Eduardo Viana
Câmaras: Daniel Deira e Miguel Arieira
Som: Filipe Silva
Edição e Pós-produção: Miguel Arieira
Produção executiva: Rui Ramos
Produção: AO NORTE