A Congada de Nossa Senhora do Rosário em Jequitibá, Minas Gerais é uma manifestação cultural em que evocando o passado se constroem, resignificam e reconfiguram identidades que remetem para a origem africana e a sociedade escravocrata e para novas inserções na sociedade, nas dinâmicas sociais e culturais e práticas religiosas cristãs de culto a Nossa Senhora do Rosário. Subjacente a estas práticas a coroação de reis e rainhas Congo que denota processos contínuos de reconfiguração cultural e vestígios de formas de ligação e proximidade história do triângulo atlântico (Europa – África – América). O filme Congada de Nossa Senhora do Rosário (2005) resulta de uma primeira abordagem contacto com estas práticas culturais e com estes rituais e procura articular quatro experiências: a decisão de passagem ao terreno e s imagens, isto é, de construção de conhecimento a partir do trabalho de campo e da construção de narrativas audiovisuais – conversas com os colegas participantes no trabalho de campo; interação com informantes externos – taxista Valdemar e folclorista Eliezer Teixeira; as conversas sucessivas com os informantes internos e, finalmente a passagem destas ao processo ritual, sequência da ação ritual, acção que desempenham no processo ritual. O filme visionado pela comunidade um ano após o primeiro contacto revelou uma outra experiência, a do regresso ao terreno e de apropriação das imagens pelos actores do ritual.
José da Silva Ribeiro