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Moiras
2008
Data: / Duração: 00:29:53
Em Viana do Alentejo, uma mulher do Norte, há já alguns anos envolvida em trabalhos ligados s «artes da terra», a Diana Regal, preocupa-se com a utilização das lãs de ovelha que, após a tosquia, são destruídas porque a sua comercialização não é economicamente viável. Assim nasceu a Oficina do Feltro, uma iniciativa da Colecção B, Associação Cultural.
Este filme tenta devolver a quem o vê a matéria de um sonho que, num certo Primeiro de Maio, se exprimia por gestos e cantigas.
- Ficha técnica
Realização: Regina Guimarães e Saguenail
Pós-Produção Audio: Rui Coelho
Com: Diana Regal, Helena Calvet, Isabel Cartaxo Margarida Cartaxo, Patrícia Galego da Oficina de Feltragem, com o Grupo Coral Feminino de Viana do A.
E com a Colecção B, com: José Alberto Ferreira, o tosquiador Manuel Carracha,o pastor Francisco Amante acompanhado de seu rebanhotendo todo este grupo sido acolhido na Horta do Esporão
Produção: Hélastre
Apoio: Colecção B
Rodado no 1º de Maio de 2008
Moiras
Em conversa informal, a Diana Regal da Colecção B contou-me um dia que estava a levantar um projecto de aproveitamento de lãs cuja utilização é tida como economicamente inviável. Uma Oficina do Feltro, inspirada em métodos ancestrais, embora não especificamente locais ou nacionais. Fiquei logo com vontade de fazer algo sobre e com essa vontade de fazer dela. A coisa veio a concretizar-se no passado Primeiro de Maio, em Viana do Alentejo, com a colaboração do coral feminino da vila. Este vídeo, realizado em parceria com o meu companheiro Saguenail, retrata um encontro entre feltradoras, cantadeiras e cineastas, sendo que nenhum destes grupos espera licença ou legitimação para fazer o que faz. Nesse sentido é um vídeo político. (...) Trata-se de falarmos, com os meios que temos ao nosso alcance, do saber fazer e do querer estar. Trata-se de fazer sonhar com um estar mais pleno, colectivo e comunitário. Trata-se de fazer desejar um estar fora de casa e longe do sofá onde se morre frente televisão. E de um estar que convida migração - coisa bem diferente da tão badalada flexibilidade na flexissegurança, injúria inteligência que jorra da boca do nosso primeiro. Trata-se de convidar, não ao story-telling dos reality shows, mas aos diálogos que desconstroem a vida e aos contos que não deixam pedra sobre pedra. Tapete, pedra de canto, retomando uma expressão de Nemésio, que era um exilado de outras partes, como todos nós somos exilados do paraíso, com a agravante de termos sido despojados da utopia e privados de esperança num futuro melhor a fabricar com estas nossas mãos.